15 de Abril de 2021 - 15h:24

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Ações da Oi (OIBR3 E OIBR4): Por que caíram após proposta do BTG?

Por: E-investidor

Na última segunda-feira, as ações da Oi (OIBR3 e OIBR4) sofreram uma queda considerável após o anúncio de que o Banco BTG Pactual (BPAC11) fechou acordo para comprar parte da InfraCo, segmento de distribuição de fibra óptica da companhia. Durante o dia, seus papéis negociáveis caíram cerca de 6,66%, dividindo as opiniões de muitos dentro do mercado financeiro.

 

A empresa de telecomunicação aceitou a proposta vinculante ao banco, que ficará com mais de 50% do negócio. Além do mais, as notícias divulgadas indicam que o total da operação ficará em torno de R$ 12,90 bilhões. No entanto, por que então as ações da sofreram essa queda?

 

Recuperação Judicial

 

Desde o processo de recuperação judicial iniciado em 2016, a Oi (OIBR3 e OIBR4) está se livrando de diversos ativos que davam prejuízo, inclusive a parte de telefonia móvel, que ficou com as empresas Claro, TIM (TIMP3) e Vivo (VIVT4). Além disso, a companhia vendeu parte das antenas, da infraestrutura e data center. Contudo, ainda faltava negociar uma parcela da InfraCo, algo que eles vêm se concentrando bastante desde o último ano.

 

Expansão da InfraCo

 

A empresa vem se concentrando na InfraCo e está fazendo muito bem a sua lição de casa. Não sou eu que está falando isso, basta ver os números. O crescimento da infraestrutura de fibra óptica da Oi em 2020 foi surpreendente e, esse ano, o número de residências com acesso ao serviço deve dobrar. Só para ter uma ideia, atualmente os cabos conseguem atender mais de 9 milhões de domicílios e até o final do ano deve bater 15 milhões.

 

Normalmente, gosto de falar tanto com pessoas do mercado financeiro, como com quem atua no segmento das empresas que invisto. Por exemplo, esses dias estava conversando com uma amiga que faz parte do time de executivos de uma grande empresa de telecomunicações. Ela me disse que a Oi estava fazendo um trabalho espetacular, até porque eles levaram vários executivos de alto escalão da companhia. Resumindo, a telecom não se resume ao presidente Rodrigo Abreu, mas a um time bem preparado e experiente.

 

Negociação com o BTG Pactual

 

O banco ainda não é sócio do sistema de fibra óptica da empresa, mas terá privilégio na hora do leilão. De forma resumida, eles poderão contrapor qualquer oferta feita por outra empresa. Por exemplo, caso um grupo faça uma oferta de R$ 25 bilhões, a instituição poderá cobrir o valor.

 

De qualquer forma, essa será uma parceria bastante vantajosa, pois o BTG é uma instituição com prestígio no mercado. Atualmente, eles são o banco de capital aberto, pelo menos por enquanto, mais agressivo da Bolsa. Às vezes, trabalham com capital que nem possuem, por isso conseguem crescer. Ou seja, ter um sócio como eles é algo extremamente relevante.

 

Venda da telefonia móvel para a Claro, TIM e Vivo

 

O motivo da Oi ter privilegiado vender parte de sua telefonia móvel para a Claro, TIM e Vivo é bem simples. Estas três empresas se tornarão futuros clientes da InfraCo. Como assim? A telecom está montando um sistema white label, ou seja, pretende repassar seus cabos de fibra óptica para outras companhias. Assim, será possível que, por exemplo, a Vivo venda pacotes de internet usando cabos alugados da Oi.

 

Então, provavelmente existe um acordo muito claro entre as operadoras. “Olha, eu vou privilegiar vocês, porém, quero que virem os meus clientes. Assim, evitamos que entre um novo concorrente no mercado brasileiro que poderia prejudicar vocês”.

 

Por que as ações da Oi (OIBR3 e OIBR4) desabaram?

 

Quando surgiu o resultado do quarto trimestre da empresa, com um lucro líquido de R$ 1,79 bilhão, o mercado ficou surpreendido, pois ninguém apostaria naquilo. No entanto, agora o mercado já esperava que o BTG Pactual iria ter preferência na negociação. Não teve nenhuma novidade. Por isso, as ações estão caindo, o que não quer dizer que no futuro continuará dessa forma. Subiu no boato e, na segunda-feira, caiu. Não tem nenhuma anormalidade nisso.

 

Sendo assim, não é preciso se desesperar com mudanças ocasionais. É possível manter certas ações na carteira desde que duas perguntas estejam muito bem respondidas: primeiro, quanto do que você tem na carteira gostaria realmente de investir? Segundo, por que você quer ter esse papel? Respondendo essas perguntas, qualquer um pode montar uma carteira de investimentos eficiente.

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